O encontro de Carlos Moisés e Celso Maldaner

28/11/2021

Enquanto você lê essas linhas traçadas com amor por esta que vos escreve, o governador do estado, Carlos Moisés da Silva, deve estar com papel e caneta na mão, fazendo contas. Em três anos de mandato ele já aprendeu, em duras circunstâncias que, política é fazer contas.

Em outubro deste ano, quando questionei o Secretário-Chefe da Casa Civil, Eron Giordani sobre qual seria o partido escolhido pelo governador, ele foi breve ao dizer: “Gov definirá somente em março de 2022. Até lá, muito diálogo com todos…”

Desde então, muitos cenários se desenharam embora nenhum tenha dado a Carlos Moisés a certeza suficiente para assinar a filiação. É que além dos fatores estaduais, Moisés também estava/está de olho no partido para o qual iria Jair Bolsonaro pois, a partir daí, ficaria menos difícil prever os cenários que pode enfrentar em 2022.

Por enquanto, se nada mudar nas próximas horas, Jair Bolsonaro deve mesmo ir para o PL, o partido que alça o senador Jorginho Mello ao posto de oficialmente pré-candidato a governador em Santa Catarina. Teoricamente, Jorginho é o principal adversário a ser vencido por Moisés. O senador vem com o discurso que pretende abraçar a ala bolsonarista que não vota mais em Moisés em virtude de seu afastamento do presidente, um racha que ocorreu no início do mandato do bombeiro-governador e considerado imperdoável por alguns eleitores.

No outro lado, lideranças de esquerda ensaiam a criação de uma ampla frente que possa ser a opção aos eleitores que não se veem representados por quem está no poder.

Eu disse “ensaiam” pois, há menos de um ano das eleições, parece que só agora os partidos que pretendem compor essa frente de esquerda resolveram sentar para conversar. Além disso, junta-se o fato de que os mesmos nomes parecem ser as únicas opções da esquerda há muitos anos. A falta de novas lideranças será um problema a ser contornado. Entre os nomes que você já conhece, está o do ex-deputado federal, Jorge Boeira.

Ocorre que tem sido muito difícil acreditar que Jorge Boeira queira mesmo fazer parte desse processo. Guimarães Rosa, em sua obra “Grande Sertão Veredas”, disse que o que a vida quer da gente é coragem. E se a obra fosse reeditada, o autor poderia incluir que o que a política quer dos políticos, é vontade.

Boeira foge dos questionamentos. Quando perguntado sobre a possibilidade, lá em meados de 2021, o futuro-ex-talvez-ainda não sei- pré-candidato, mais uma vez, se esquivou da resposta e disse que não era hora de falar sobre isso. Uma semana depois, distribuiu à imprensa um artigo nem lá nem cá. Agora surge novamente e, dessa vez, parece considerar a possibilidade de ser de fato candidato. Mas enquanto Boeira arruma o cabelo e decide se vai ou não vai, Moisés faz contas.

Uma das possibilidades dadas como certa é a sua ida de vez para o Republicanos, presidido em Santa Catarina pelo bispo e deputado Sergio Motta. Ocorre que o partido é o que se chama de partido “pequeno”, no que se refere a número de prefeitos e vereadores atualmente com mandato, pela sigla. Traduzindo isso, é como dizer que para se ter uma certa segurança de reeleição, Moisés precise mesmo é de um partido “grande”. Isso porque esses mesmos prefeitos e vereadores funcionam como cabos eleitorais em tempos de campanha e são eles que vão reforçar o pedido do voto. Com menos pessoas pedindo voto, menos votos o candidato pode receber.

Ir para o Republicanos, que é um partido vinculado aos evangélicos, não dá a Carlos Moisés nenhuma tranquilidade nesse aspecto. É uma estratégia kamikaze.

Deixemos o partido do bispo para lá e vamos para uma outra possibilidade.

MDB.

Você sabe qual é o partido com maior número de prefeitos eleitos atualmente em Santa Catarina? É o MDB, com 96 prefeituras, quase o dobro do segundo colocado, o PP, com 52. Republicanos tem menos de dez prefeituras. (Dados do TRE).

Moisés deve ter feito essa conta umas 15 vezes, já (perdão pelo trocadilho infame).

Sim, eu sei que o MDB também vem ensaiando suas prévias. Só que até agora nada. Nem Antídio Lunelli, prefeito de Jaraguá, nem Dario Berger, senador, nem Celso Maldaner, deputado federal, conseguiram definir quem seria o nome do partido para a disputa majoritária aqui no estado.

“Ah, mas o governador não iria aceitar ir pro MDB e participar das prévias”. E quem disse que vai ter prévias? Com Berger com um pé mais fora do que dentro do partido, (o senador vem sendo sondado pelo PSB) e Antídio discreto demais para quem quer encarar o pleito, resta Celso Maldaner.

Só que o que você não sabia é que Celso tem um encontro com Carlos Moisés nesta segunda-feira (29). Será que vem aí o convite da filiação?

No amor, na guerra e na política, vale tudo.

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