O ato de filiação do governador Carlos Moisés ganhou repercussão aqui no estado e não foi exatamente pela escolha do partido. A forma como Moisés assinou a ficha no Republicanos, representado nas urnas pelo número 10, desceu atravessada até entre seus apoiadores. O fato de ser uma filiação aguardada há bastante tempo e depois de ter ensaiado aproximações com outras siglas e até ter se divertido com isso, criou a expectativa de que quando esse dia finalmente chegasse, fosse um pouco diferente de como de fato aconteceu. (É aquele velho ditado: crie galinhas, mas não crie expectativas).

Sozinho, cercado apenas pelo deputado estadual Sérgio Motta e por Marcos Pereira, deputado federal pelo Republicanos, o comandante posou para a foto que ilustra esse texto, com um sorriso que não convenceu ninguém de que estava feliz. Carlos Moisés oficializou sua ida para o partido de Sérgio Motta, que, guardadas as devidas proporções, não é o que se pode chamar de um grande líder partidário. Ao contrário. No Republicanos o nome de Sérgio Motta não é unanimidade. É só conversar com seus correligionários que a impressão sobre o bispo que virou deputado logo aparece. A aproximação entre Moisés e Motta é antiga, coisa ainda lá do início 2021 e culminou com a ida do governador para o 10. Desde que o assunto reeleição foi admitido por Moisés, sempre se soube que sua intenção seria a escolha de um partido “menor”, para poder contar com o apoio de partidos maiores. Não que isso fosse, necessariamente, um problema, desde que a decisão não fosse tomada de modo vertical e solitário. Em meados de dezembro passado, os bastidores políticos indicavam que o governador havia mudado de ideia sobre o assunto e que havia passado a cogitar sua ida para o MDB. Mas, o MDB, bom, o MDB vocês sabem, né?! Tá do jeito que o Antídio gosta. O partido claramente não demonstrou a segurança necessária para convencer Moisés que a vaga de candidato ao governo pelo 15 seria dele. Dessa forma, até que fica fácil entender a escolha de Moisés em não ir para o partido, ainda que o deputado estadual Júlio Garcia tenha entrado na jogada e chamado o governador para uma conversa na qual propôs um projeto que incluía PSD, Republicanos, PSDB e MDB. Teoricamente, uma proposta irrecusável. Mas quem manda no comandante?

Enquanto buscamos resposta para a pergunta anterior, vamos falar de outra figura que está sempre por perto de Carlos Moisés. Ana Paula da Silva, a deputada Paulinha. A parlamentar eleita pelo PDT, foi convidada e aceitou ser líder do governo na Alesc, fato que fez com que ela e seu partido entrassem numa rota de colisão que, mais tarde, acabou resultando em sua expulsão dp PDT, isso em maio de 2021. Sempre bastante próxima ao governador, Paulinha foi figura carimbada em praticamente todas as agendas de Moisés pelo estado. A ex-prefeita de Bombinhas passou a declarar que iria para o partido que Moisés fosse. Na viagem que fez à Brasília onde assinou sua filiação, Moisés estava sozinho. Mas não muito. Coincidentemente, Paulinha estava por lá. A amiga do governador apareceu em publicações nas redes sociais do deputado Carlos Chiodini (MDB). Moisés e Paulinha não aparecem juntos nas mesmas fotos, mas, a julgar pela aproximação que sempre tiveram, não é de se duvidar que ele esteja dando ouvidos aos conselhos da deputada. Além disso, tudo indica que Paulinha também deve ir para o partido da Igreja Universal.

Por falar em Chiodini, crescem os rumores de que ele possa ser o vice de Moisés. Com isso, uma pergunta antiga vem à tona novamente:
“- o MDB toparia ser vice de um partido pequeno?”
Essa é mais uma pergunta que ainda não tem resposta, mas, no frigir dos ovos, eu apostaria que o partido pode chegar à conclusão de que é melhor ficar com a cadeira de vice do que não ficar com nada.