Bolsonaro de papelão: a leitura política do 7 de setembro em Florianópolis

08/09/2025

Esse é o tipo de texto que precisa começar com um “se”. Então, lá vamos nós: SE Jair Bolsonaro não conseguir reverter o caos político no qual se instalou, 2026 será a última chance eleitoral pra quem quer lucrar com o capital político criado por ele.

Bolsonaro de papelão, cercado por lideranças do PL, no Trapiche da Beira-Mar Norte, em Florianópolis.


Sendo julgado, provavelmente condenado, ele deve chegar a 2026 inelegível; dessa forma, será rapidamente substituído. Isso não é demérito só do Jair. Na política, você sabe, não há espaço vago. E é exatamente por isso que alguns nomes já se assanham na beira do campo, tentando alçar a função de substituto de Bolsonaro. Esse fato, quando visto de modo isolado, é um equívoco, já que o Jair é o Jair, como o Lula é o Lula. São figuras incopiáveis, cada um a seu modo. Isso justifica as inúmeras tentativas de figuras políticas conhecidas de tentar “colar” o máximo possível a sua imagem política à de Bolsonaro. O mais lembrado, nesse contexto, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), figura que agrada o setor empresarial e o centrão, apesar de desagradar o filho rebelde de Jair, o deputado federal (cosplay de exilado) Eduardo Bolsonaro.

Michelle Bolsonaro, posa ao lado do maquiador Augustin e do governador Tarcísio de Freitas, na Avenida Paulista, neste domingo (7).

Preso em casa, em cumprimento a determinação do STF, o ex-presidente não pode comparecer em nenhum ato público neste domingo, 7 de setembro. A data é sempre muito bem aproveitada pela direita para ir às ruas e manifestar suas pautas. Sua presença deu lugar a muitos totens de papel, em tamanho real, com a imagem do ex-presidente: o Bolsonaro de papelão.

Tão frágil quanto o totem levado às ruas é a atual situação de Jair e, por isso, deve ser a última oportunidade para que quem quer ir às urnas como representante do bolsonarismo e “lucrar” com isso. Esse cenário está longe, muito longe de significar algum problema para a direita brasileira (e catarinense). Seus representantes têm se organizado de modo a não depender mais exclusivamente do “barulho” bolsonarista, aquele que o Brasil conheceu a partir de 2018.

Santa Catarina deu a Jair Bolsonaro mais de 70% dos votos nas últimas duas eleições presidenciais e continua sendo ambiente confortável e receptivo para o ex-presidente. Tanto é que seu filho, Carlos Bolsonaro, “mais catarinense impossível”, será candidato a senador, tendo o estado catarinense como domicílio. Embora haja um movimento de apoio à candidatura de Carol de Toni para a vaga, por parte dos integrantes do PL, Carlos está cada vez mais “candidato”. Neste domingo, participou da manifestação na Beira-Mar Norte, em Florianópolis, ao lado do irmão e vereador em Balneário Camboriú, Jair Renan, do senador Jorge Seif, do deputado federal Daniel Freitas, do deputado estadual Alex Brasil e do governador Jorginho Mello.

O detalhe no Instagram
No sábado, uma publicação no Instagram foi feita por Alex Brasil e publicada em “collab” com Jorginho Mello, Carlos Bolsonaro, Daniel Freitas e mais dois perfis ligados à direita catarinense, convidando para o ato marcado para o dia 7. Não é pequeno o significado disso. Eles estão mais conectados do que nunca. Mas, fora da rede, nas ruas de Florianópolis, quem ocupou o espaço de Jair foi apenas sua versão em papelão: frágil, provisória e em vias de ser substituído.