A física diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
A política diz que, às vezes, dois corpos não podem ocupar nem espaços muito perto um do outro também. (A política nunca disse isso, mas achei que a analogia faria sentido para o que você vai ler a seguir).
É que tem duas coisas que todo está mundo esperando:
1 – que esse ano acabe;
2 – que Jair Bolsonaro defina logo para qual partido irá e, com isso, as acomodações dos políticos em novos partidos possa ocorrer.
Na ordem natural das coisas parece que o segundo item da nossa lista pode ocorrer antes do primeiro.
É que tudo indica que o presidente da república, Jair Bolsonaro, deve assinar sua filiação no Partido Liberal (PL), que tem na figura do senador Jorginho Mello, de Santa Catarina, um de seus mais fiéis apoiadores.
E tem também a pré-candidata Júlia Zanatta.
E tem quem queira estar no partido, agora que Bolsonaro pode estar no PL. Trata-se do deputado federal Daniel Freitas. Só que no PL não há lugar para Daniel e Júlia, ao mesmo tempo.
Alguém vai ficar pelo caminho ou procurar outro partido.
Recentemente, Júlia fez questão de relembrar, caso o senador Jorginho Mello pudesse ter esquecido por conta dos compromissos diários, que foi ela quem ajudou a construir a aproximação entre Mello e Bolsonaro, via Eduardo Bolsonaro.
Vocês já devem estar cansados de ler que Júlia e Eduardo, filho do presidente, tem uma relação próxima e, jornalisticamente, isso não é assunto. Mas politicamente, é.
Só que nessa queda de braços silenciosa que vem ocorrendo, Júlia vai cobrar essa conta de Jorginho Mello. Daniel Freitas é mais dado a selfies com o presidente do que, propriamente, a encabeçar movimentos junto dele. Nas redes sociais, o deputado faz as vezes de bolsonarista de primeira hora. Apoia irrestritamente todas as pautas do presidente. Mas, é aquele negócio, né, rede social é igual papel: aceita tudo.
Se Daniel irá ou não para o PL, só os próximos dias irão dizer. Mas, se o partido não comporta ambos, alguém vai ficar “chupando o dedo”.
E aí o nobre leitor vai perguntar: “tá, mas só tem o PL para acomodar os bolsonaristas?”
Praticamente. É que o PTB (presidido pelo instável, Roberto Jefferson) que poderia ser também a casa dos apoiadores do presidente para as próximas eleições não tem proporcionado a segurança necessária para uma filiação em massa. Como no futebol, na política há uma janela de filiação. Se a pessoa fizer uma escolha errada na hora de se filiar, pode ser que não dê tempo de trocar. Por isso todo esse barulho.
Para quem não lembra, em 2018, os eleitores mal sabiam que partido era o PSL (partido que elegeu o presidente). A única preocupação foi decorar o número da sigla e ira pra urna apertar 17. E há quem diga que muitos bolsonaristas daquela onda, se elegeram assim. Facilidade que não deve ocorrer novamente, mas, quem estiver no mesmo partido do presidente, poderá ter ainda alguma vantagem.
Na tarde desta segunda-feira (8), Júlia Zanatta fez algumas publicações no Twitter, onde mantém o perfil @apropriajulia, onde disse:
“Essa história de “vou fazer o que o PR fizer” é pura desculpa para suas incapacidades política“.
“Aprendi com meus erros na eleição municipal. Política é vida real e não teoria, não é foto e rede social, é chão de fábrica e dor. Porque ver a dificuldade do outro dói. Cansada da política teórica de professores da internet. Eu abracei a pré-candidatura do senador @jorginhomello ao Governo lá atrás, quando muitos dos eleitos na onda Bolsonaro ainda sonhavam a concorrer ao Governo do Estado, pq achavam que o Bolsonaro tocando eles viravam ouro. Essa história de “vou fazer o que o PR fizer” é pura desculpa para suas incapacidades políticas. Independente do partido que o Bolsonaro for, o pessoal que se elegeu na onda tem que entender que não terá espaço para todos lá. Alguns vão ter que tomar seu próprio rumo, mesmo apoiando o PR. Quem tem mandato teve tempo e poder suficiente para criar seu próprio caminho. Quem não criou foi por falta de capacidade política então nem preciso comentar mais nada”.
A priori, Júlia é pré-candidata a deputada federal e falou sobre isso na entrevista que me concedeu recentemente e que você pode ler aqui: https://magastopassoli.com.br/criciumense-julia-zanatta-pl-fala-da-pre-candidatura-em-busca-de-uma-vaga-em-brasilia/
Daniel Freitas é pré-candidato à reeleição a deputado federal e, certamente, em breve, veremos quem é o verdadeiro articulador ou articuladora do partido junto do presidente Jair Bolsonaro. Via assessoria, o deputado disse que a possibilidade de ir para o PL é “bem palpável”.
E se você pensa que param por aí os problemas de acomodações no PL, nananinanão.
Ainda tem Márcio Búrigo e Jessé Lopes.
Nesse caso, as coisas parecem um pouco mais tranquilas. Só parecem.
Ainda que não tenham nenhum problema entre si, tem ficado cada vez mais nítido que Márcio Búrigo também não está gostando da ideia de disputar voto com Jessé Lopes pelo mesmo partido. É que Búrigo vem percorrendo o estado desde 2020 e montando a sua base. Na semana passada, por exemplo, visitou a região norte do estado passando por quase 15 municípios. Jessé Lopes, que também precisa de um partido bolsonarista não descartou completamente a possibilidade de ir para o PTB (aquele, de Bob Jeff), mas talvez não tenha mais a mesma tranquilidade de antes em assinar a filiação na sigla.
Enquanto isso, o governador do estado licenciado, Carlos Moisés da Silva está na Escócia, onde participa da Conferência do Clima da ONU, a COP26. Mas é aquele negócio: você sai de Santa Catarina mas Santa Catarina não sai de você. De lá, Moisés também está de olho nessa movimentação pois a partir dela, será possível saber quem deve enfrentar nas urnas em 2022. Com a ida de Bolsonaro para o PL, o candidato natural deve ser mesmo Jorginho Mello. A vice-governadora, Daniela Reinehr também deve seguir o mesmo caminho do presidente. Caso todo esse cenário se confirme, para onde irá Carlos Moisés?
Mas disso, trataremos amanhã.
Por ora, aguardemos como será a terça-feira no PL.
Boa terça-feira!