Na semana que antecede as convenções partidárias em Santa Catarina, muitas perguntas ainda estão sem resposta. Uma delas é quem o PSDB irá apoiar nas eleições aqui no estado. Publicamente, Clésio Salvaro fez inúmeros gestos que puderam ser interpretados como um desejo de estar no projeto de reeleição do governador Carlos Moisés da Silva. Recentemente, o prefeito de Criciúma, durante os dias em que esteve licenciado do cargo, viajou até Blumenau para participar do lançamento da Oktoberfest, ocasião em que foi fotografado cumprimentando animadamente o governador. Na semana seguinte foi a vez da deputada federal, Geovânia de Sá declarar que ela os prefeitos tucanos gostariam de estar com Moisés. Depois disse, houve um recuo sutil nas declarações de apoio por parte dos tucanos. Sutil, eu disse. Nenhum rompimento, nenhuma declaração atravessada. Apenas um discreto silêncio em torno do assunto “o PSDB vai com quem?”.
Na manhã desta quarta-feira (20) fui pessoalmente até o gabinete do prefeito Clésio Salvaro fazer a pergunta de milhões.
O prefeito criciumense que chegou a ser congitado para compor uma chapa encabeçada pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), disse que quando foi ao encontro de Rodrigues, sua decisão de não concorrer já estava tomada. Disse que considera a ida de Moisés pro Republicanos um equívoco e citou Santo Agostinho ao dizer “a cada dia a sua agonia”, quando questionado se entre os candidatos aos quais declarou apoio publicamente esta semana (Geovânia e Acélio) estaria o próximo apoiado para ser prefeito de Criciúma em 2025.
Maga: o PSDB fez movimentos de apoio à reeleição do Moisés depois deu uma recuada discreta. O que houve?
Salvaro: o PSDB sempre participou ativamente da política do estado e a nível nacional também. Tanto é que nós sempre estivemos ao lado oposto ao PT. Desde as duas eleições do FHC que derrotou o Lula. Então nós estivemos na semana passada em Brasília, conversamos com o diretório nacional do partido e eles nos deram a liberdade de compor com quem a gente quiser em Santa Catarina, exceto o PT e esse é nosso principal ativo: nós nunca dividimos um palanque com o PT, nem a nível nacional, nem estadual e muito menos no município. Vamos estar com qualquer um, menos o PT. Mas existem as preferências nesse “qualquer um”. O Moisés é o preferido dos nossos prefeitos e deputados, mas ele tem que mostrar competitividade e só com o partido que ele está ele não musculatura. Ele fez uma opção, no nosso entendimento, equivocada, de assinar fica no Republicanos. Se ele tivesse escolhido o MDB, o PSD e o PSDB estariam com ele e certamente ele estaria no segundo turno, com chances de levar no primeiro. Ele foi pro Republicanos e praticamente isolou os demais partidos. Aí ele quer o PMDB, insiste no PMDB. O partido pode estar com ele e pode não estar com ele. O MDB tem 95 prefeitos, mas tem 200 cidades onde o prefeito não é do MDB. Agora tá o Antídio brigando pra ser candidato, se perder (na convenção) ele vai judicializar porque ele renunciou ao mandato por ter vencido as prévias. Se Antídio ganha (a convenção) o Moisés vai ficar com quem? com o Republicanos que é um partido do tamanho da igreja Universal do Reino de Deus. Com o Podemos? que é um partido que está completamente dividido. Com o PSDB? nós queremos que mostre competitividade, e aí ele não tem. Se o PMDB optar em estar com ele, o partido quer as duas vagas na majoritária (vice e senador) e nós oficializamos ao deputado Sergio Motta que é o presidente do Republicanos, que diga qual é o espaço que o PSDB tem na majoritária. O Espiridião já manifestou o desejo de ter o nosso partido como parceiro e ele foi direto ao ponto: a vaga de vice é do PSDB. Por conta da federação (PSDB está federado com o Cidadania), foi feito por questão constitucional uma executiva que conta com 11 membros (8 do PSDB e 3 do Cidadania). O Cidadania, capitaneado pela deputada federal Carmen Zanotto, já declarou ser contra estar com Moisés. Se fosse hoje, a escolha seria estar com o PP.
Maga: e se o Amin não for candidato?
Salvaro: é possível que não seja. Por isso que nós oficializamos por escrito e eles vão responder por escrito qual é a vaga (do PSDB) e quem é o candidato. Eu não vejo como o Espiridião não ser candidato, acho que não tem mais como. O “se” também cabe para “e o governador, será candidato”, se ele não tiver o MDB, nem PSDB e se perder o Podemos? Então o “e se” vale pra todos. E se o Espiridião for candidato? E “se” o Bolsonaro pedir voto em SC pro Espiridião, será que o Jorginho será candidato então? É nesses próximos 15 dias que tudo será decidido.
Maga: e “se” Amin for candidato, quem é o nome do PSDB pra ser vice?
Salvaro: o PSDB tem bons nomes. O da Geovânia que, eleitoralmente é o mais forte, mas nem sempre o que tem mais densidade é o que melhor une o partido. Acho que hoje quem melhor une o partido é o ex-senador Dalírio Beber. Une tanto estando com Moisés, quanto estando com Espiridião.