O evento aconteceu no último sábado (11)
Os últimos dias de 2021 tem sido marcado pelos encontros partidários em Santa Catarina. Um pouco pela falta que os encontros presenciais fizeram nestes quase dois anos de pandemia, um pouco pela tentativa de alinhar o discurso entre os pré-candidatos. No PSD não foi diferente. O partido reuniu cerca de 500 pessoas, entre lideranças e representantes da sigla, neste sábado (11), em Criciúma para uma confraternização que deixou algumas mensagens subliminares no ar.
Vamos começar pelos pré-candidatos ao governo do estado: João Rodrigues (prefeito de Chapecó), Napoleão Bernardes (ex-prefeito de Blumenau), Raimundo Colombo (ex-governador).
João Rodrigues não veio ao sul pois estava em Brasília e tinha encontro com o presidente Jair Bolsonaro (em setembro, no encontro do partido em Urussanga ele também não veio). Para não ficar completamente ausente, Rodrigues enviou um vídeo que foi reproduzido no evento. Nele Rodrigues disse que está à disposição para ser o nome do partido em 2022 e dirigiu-se ao deputado estadual Júlio Garcia chamando-o de “mestre”. Também disse que o mundo dá muitas voltas e que Garcia estava de volta para fazer mais um grande mandato.
Napoleão Bernardes, por sua vez, fez um discurso menos político do que o que fez em Urussanga em setembro. Mesmo assim, referiu-se a Júlio Garcia e ao deputado federal Ricardo Guidi e disse que “tem convicção que a grande gratidão que está no coração de todos os peessedistas será retribuída nas urnas com a reeleição de Garcia e Guidi. O ex-prefeito de Blumenau também disse que está pronto para “jogar onde o partido julgar necessário”, dando a entender que pode concorrer em outra posição que não a vaga de governador.
Raimundo Colombo, que chegou a ser reeleito governador em 2014, esteve presente no encontro e fez um discurso ameno, muito longe do tom de quem está em pré-campanha. Claro que também vestiu o personagem do pré-candidato, mas não chegou a convencer de que estará realmente na disputa. Foi um discurso com alguns clichês e muito mais voltado à esfera federal do que estadual, ao mencionar questões econômicas do país, dando a entender que ou não será candidato ou pode também buscar uma vaga em Brasília. Colombo também falou da importância de Ricardo Guidi e de Julio Garcia para o partido. O que chamou atenção foi a passagem discreta dele pelo evento, para quem já foi governador. Desta forma é possível concluir que Colombo está bastante longe de ser a liderança que um dia já foi. É certo que quem foi rei, nunca perde a majestade, portanto, não dá pra subestimar a força de quem já governou o estado, mas, olhando de fora, há um caminho longo demais a ser trilhado para que o ex-governador volte a ocupar, dentro (e fora do partido), um lugar que o leve à candidatura majoritária aqui no estado.
No âmbito federal Ricardo Guidi tem se destacado positivamente e conquistado cada vez mais o seu espaço. Conhecido por sua postura um tanto discreta, Guidi parece estar cada dia mais à vontade e nitidamente mais seguro com relação à sua reeleição. Traços de sua postura que ficaram evidentes no encontro do último sábado. Ricardo Guidi tem se tornado uma importante liderança dentro do PSD.
“Mestre, líder, bússola”
O nome mais importante no PSD chama-se Julio Cesar Garcia. O deputado estadual, que não oficializou sua candidatura à reeleição, é quase uma entidade, dada a forma como seus correligionários se referem a ele. Chamado de mestre, guia, líder, bússola, Garcia é o principal nome do partido e todos que passaram pelo palco do evento, fizeram questão de reverenciá-lo. Após o encerramento protocolar do evento, Julio Garcia permaneceu por cerca de uma hora cumprimentando a todos e posando para fotos e só conseguiu almoçar por volta das 14h (mas não sem ter de levantar várias vezes ainda para atender pedidos de foto e abraços de lideranças de outras cidades). Fenômeno que não se repete com outros nomes do partido.
O discurso de Júlio
Para quem acompanha política com assiduidade sabe que os discursos de Júlio Garcia são curtos. Em geral, duram cerca de cinco minutos. Desta vez foi diferente. O deputado estadual falou por quase dez minutos e revelou que teve encontros recentes com Napoleão, João Rodrigues e Raimundo Colombo, deixando a entender que a decisão sobre quem vai disputar o que, passa pelo seu aval, mas aqui, vamos chamar esse aval de aconselhamento. Colombo, por exemplo, disse à Garcia que pode jogar em qualquer posição que o time definir, inclusive “só ajudar”, numa referência a não ser candidato a nenhuma vaga.
“A todos aqueles que não me pré-julgaram, muito obrigado. E a todos aqueles que me pré-julgaram, o meu perdão. Meu coração não tem lugar para mágoas.” disse o deputado ao finalizar seu discurso.
Apesar de não ter confirmado oficialmente a sua candidatura à reeleição, o deputado estadual disse que perdoa os que o pré-julgaram, numa referência ao processo que enfrentou decorrente da operação Alcatraz e que teve, recentemente, todas as provas anuladas por unanimidade no STJ. Em resumo, o parlamentar disse – sem dizer – que vai concorrer à reeleição. Apoio no partido não vai faltar.