“No dia 22 de fevereiro o MDB decidiu por essas prévias, foi um arroubo equivocado”.

21/06/2021

Ex-governador Eduardo Moreira (MBD) falou sobre o adiamento das prévias do seu partido

A executiva estadual do MDB reuniu-se virtualmente na manhã desta segunda (21) e decidiu pelo adiamento das prévias do partido que estavam marcadas para o dia 15 de agosto. No encontro, seria definido o nome do MDB para concorrer em 2022 como candidato ao governo do estado. Na nota enviada à imprensa, o partido diz:

“Para os membros da executiva, a participação dos filiados seria comprometida devido à situação sanitária imposta pela pandemia. São 502 mil mortes pela covid-19 no Brasil, sendo 16.329 somente em Santa Cataria. A terceira onda da covid-19, anunciada pelo secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, e o fato de a vacina ainda não estar disponível a toda à população também reforçaram a posição emedebista.”

Em entrevista no início da noite de hoje, o ex-governador Eduardo Pinho Moreira definiu como um “arroubo equivocado” o agendamento das prévias para agosto deste ano.

Maga: há uma divisão interna no partido a respeito das prévias ou nomes indicados e por isso ocorreu o adiamento?

Dr. Eduardo Moreira: no dia 22 de fevereiro (2021) o MDB decidiu por essas prévias, foi um arroubo equivocado. Foi colocado em discussão pois o deputado (federal) Peninha, fez essa proposta, e aquilo foi aprovado numa reunião em que não se analisou as consequências e o momento que vivíamos. O Dário (Berger) concordou, o Celso (Maldaner) concordou o Antídio (Lunelli) concordou, eles eram os interessados. Eu estava na reunião, num canto, afastado, por causa da pandemia – foi uma reunião perigosa, porque tinham lá 70, 80 pessoas num ambiente único. Na semana seguinte começariam os roteiros de visitas e reuniões na região sul. Eu pedi a palavra e disse: “O Celso (Maldaner), eu vou falar agora como médico. Será uma irresponsabilidade mantermos esse roteiro de reuniões numa época em que a pandemia dá sinais de crescimento. Não temos como reunir”.  Nessa época, Chapecó vivia um momento grave da pandemia. E o celso disse: “Não, nós vamos reunir”. Dois dias depois, pressionado pelos números de casos ele tomou a decisão de não ter a reunião e suspendeu aquele roteiro que estava previsto pra começar início de março.

Prévias é você reunir em criciúma 300, 500 pessoas, reunir como fizeram em Cocal no sábado pela manhã, com cotas, cada município poderia levar um número xis de pessoas. O objetivo das prévias seriam as trocas de ideias, as discussões, as brigas, os abraços, tudo isso faz parte de uma disputa, só que isso não estava ocorrendo exatamente por causa da pandemia, que também trouxe um problema político impedindo de mobilizar as pessoas. Então de forma racional eu te pergunto: porque que existem os conselhos de anciões nos países de cultura milenar?

Porque eles têm experiência. Então todos nós, os mais velhos, eu que fui presidente quase 10 anos do MDB – SC, fui governador, vice-governador, o Paulo Afonso que foi governador, nós começamos a conversar e o Paulo Afonso, disse: “nós estamos cometendo um erro”. E como que corrige? Acabando com as prévias. Não tem sentido realizar agora. Eu falei ontem com a deputada Ada Deluca, com o deputado Jerry, com o deputado Fernando kreling, o Moacir Sopelsa e nenhum queria as prévias. Então simplesmente nós oficializamos na reunião da executiva aquilo que todos pensavam ser o melhor caminho.

Maga: como Dario Berguer e Antídio Lunelli receberam a informação do adiamento das prévias?

Dr. Eduardo: como tudo na vida, uns a favor e outros contra. Já dizia Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. É normal, uns contra uns a favor. A disputa política é saudável mesmo internamente no MBD. No Brasil inteiro, na época do Ulisses Guimarães tinha o time dos progressistas e dos conservadores. Aqui, na época do Paulo Afonso tinha também. O Luiz Henrique da Silveira disputou com prévias com Pedro Ivo Campos em 1986. Eu disputei com Dário em 2010 e isso tudo faz parte do processo de construção partidária. Outra coisa, o Vampiro (deputado estadual Luiz Fernando Cardoso, MDB), é Secretário de Estado da Educação. Imagina se no dia 15 de agosto o MDB escolhe o seu candidato a governador, o Vampiro ficaria ao lado do candidato do seu partido ou ao lado do Governador que hoje ele serve como secretário? Tudo isso é uma precipitação de um processo equivocado então nós corrigimos o rumo hoje de manhã e prevaleceu a proposta do ex-governador Paulo Afonso.

Eu falei praticamente todos os dias com ele por telefone, ele está em absoluto confinamento, ele tem medo, então não tinha sentido manter isso. Motivação política também, mas a proposta do Paulo Afonso foi o seguinte: até o final do ano, quando toda a população catarinense, segundo a proposta, estará vacinada com as duas doses, ai então teremos mais liberdade de ação, antes disso, é um risco que qualquer reunião leva. Eu peguei (Covid) numa viagem que fiz a criciúma. Então não dá pra brincar não.

Maga: e como o Sr. Está, se recuperou bem?

Dr. Eduardo: me recuperei bem, foram seis dias de UTI. Eu sou médico e percebi a minha piora, mas depois com os medicamentos específicos, melhorei graças a Deus. Estou super bem.

Maga: o Brasil chegou a 500 mil mortos por Covid. Como o Sr. avalia a gestão do Presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia?

Dr. Eduardo: de uma ignorância absurda. O presidente e alguns assessores dele, notadamente aqueles que ocuparam cargos importantes nos Ministérios, foram de uma ignorância importante no tratamento de uma doença grave. É uma doença silenciosa, extremamente contagiosa e de consequências imprevisíveis. Ninguém sabe a evolução da doença. Trataram com irresponsabilidade. Não foi o modo correto. ouviram aquelas pessoas, médicos que falaram da cloroquina. Diferente dos médicos que trataram dos pacientes na beira do leito, o medico que viu o paciente. Eu, por exemplo, não tomei cloroquina, eu tinha em casa mas não usei. Os governos municipais, estaduais e federal, eles têm que proporcionar à população o tratamento, todas drogas disponíveis, não essas bobagens de cloroquina. Os médicos adquiriram experiência e eles sabem a hora exata de indicar esse ou aquele medicamento. A responsabilidade do governo é ter esses medicamentos que é o corticoide, o anticoagulante, anti-inflamatório, antibiótico à disposição para uso se necessário.

Maga: o Sr. é pré-candidato a deputado estadual em 2022?

Eduardo Moreira: isso tá uma fofoca (risos). O que aconteceu comigo na região foi desrespeito de muitas pessoas (partidárias). O mínimo que eles tinham que fazer era me ouvir. Eu fui presidente do MDB Estadual, presidente da Fundação da Ulysses Guimarães estadual, fui governador, vice-governador, deputado federal, prefeito de Criciúma, eu atuei politicamente em toda região.

Então eu penso que deveriam ter me consultado, mas me excluíram de tudo. Então a minha decisão será tomada num momento oportuno. Eu recebo ligações de apoio todos os dias, de todo o estado. Ainda é só especulação. Estou super de bem com a vida e vou tomar a minha decisão com tranquilidade.

Foto: Betina Humeres/ Arquivo NSC
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