Até chegar a essa foto que ilustra esse texto, muita água rolou por baixo da ponte na vida do advogado Jefferson Monteiro.
É que a eleição municipal de 2020 ainda não terminou.
Pelo menos, não, para o PSL de Criciúma.
A disputa pelos votos dos criciumenses entre dois candidatos do partido, ultrapassou as urnas e ganhou novos capítulos recentemente.
Quem leu a notícia de que o advogado Jefferson Monteiro assumiu uma vaga na Câmara de Vereadores da manhã desta quinta, dia 1º de abril, talvez não lembre de todos os episódios envolvendo o mais recente vereador da cidade e seu colega de partido, o também vereador Júlio Kaminski.
A movimentação política de Monteiro de olho na eleição municipal do ano passado, começou lá em outubro de 2019, quando filiou-se ao PL, partido do senador Jorginho Mello e do ex-prefeito, Márcio Búrigo, com a intenção de concorrer à eleição como candidato à prefeito no ano seguinte.
Quatro meses depois, em fevereiro de 2020, o pretenso candidato à prefeito, migrou para o PSl, também com projeto para candidatura a prefeito, só que no partido do governador. À época, inclusive, Monteiro reuniu-se com o presidente estadual do partido, Fabio Schiochetti que veio à Criciúma, com a intenção de deixar tudo alinhado com o pré-candidato. A essa altura, Jefferson Monteiro seria, em Criciúma, “O” candidato do então governador, Carlos Moisés da Silva.
Lembra da ponte do Jefferson? Então. As aguas continuaram rolando.
Em janeiro de 2020, um mês antes da filiação de Monteiro, Júlio Kaminski, até então filiado ao PSDB, mas com um pé dentro, outro fora, fincou bandeira no terreno das disputas e alardeou: “sou pré-candidato a prefeito pelo partido Democratas”.
Kaminski viria como uma opção para fazer oposição ao prefeito Clésio Salvaro. Seria o antisalvarismo em Criciúma. Lembrando que PSDB é o partido do prefeito, portanto, Kaminski sairia da “base”, ou seja, dos que apoiam o prefeito na Câmara, para fazer oposição.
Mas a intenção não vingou. Talvez nem o próprio Kaminski tenha de fato acreditado que seria possível, naquela altura do campeonato e com o jogo sendo jogado, fazer a oposição que prometeu fazer, ao Clésio Salvaro.
Resultado disso foi que em março do mesmo ano, Julio Kaminski estava em Florianópolis, reunido com a cúpula do PSL, para assinar a sua filiação, passando a fazer parte do comando do partido na cidade.
Só que kaminski também queria ser prefeito.
Até aí, tudo bem, que é quando não tá nada bem.
Em junho, alegando razões partidárias, Kaminski fez uma transmissão ao vivo nas suas redes sociais informando que não seria mais candidato a prefeito e que assinaria sua desfiliação.
Isso aconteceu por que ele foi afastado da diretoria executiva do partido em Criciúma.
Em julho de 2020, Monteiro assumiu a presidência do PSL em Criciúma.
Só que antes de tudo isso acontecer, em fevereiro, Monteiro e Kaminski estiveram reunidos com apoiadores num restaurante em Criciúma onde o primeiro declarou que abdicava de concorrer a prefeito para apoiar o nome do segundo.
No frigir dos ovos e com o passar do tempo, não foi bem isso que aconteceu.
Na verdade, não foi nada disso que aconteceu.
Kaminski não foi candidato a prefeito, mas concorreu como vereador, contrariando o que havia dito em sua live (junho de 2020).
Acabou se reelegendo.
Jefferson Monteiro, de fato, não foi candidato a prefeito e no último dia das convenções partidárias, convencido por um grande incentivador e apoiador político, registrou candidatura a vereador também pelo PSL.
Não se elegeu, mas foi 1º suplente, com 1001 votos. Exatos 40 votos a menos que Kaminski.
Tá, mas onde entra Daniel Antunes, o vereador que se licenciou para que Monteiro assumisse?
Para que Monteiro pudesse assumir como vereador, ou Daniel Antunes ou Julio kaminski precisariam se afastar ou assumir outra função no governo.
Digamos que kaminski não faria esse gesto ao colega de partido. Só que PSL, tecnicamente, é partido da oposição, então assumir um cargo no governo não seria a melhor escolha. Sobrou pro Antunes. O vereador mais bem votado do PSL em Criciúma, com 1219 votos se licenciou do cargo por 37 dias. Dessa forma, quem “sobe” é o primeiro suplente, o advogado Jefferson Monteiro.
Os próximos dias é que vão dizer quantos vereadores o PSL terá, de fato, na Câmara de Vereadores de Criciúma.
Surpresa
Antes de se afastar, Daniel Antunes teve reunião em Florianópolis com o presidente do partido, Fabio Schiocheti. Antunes só não avisou que levaria um “amigo”.
Antunes foi à capital, acompanhado do colega de partido, Jefferson Monteiro.
A foto do encontro logo viralizou e gerou desconforto nos correligionários, provocando as primeiras baixas. Oito pessoas saíram do grupo de whatsapp do partido em Criciuma. Além disso, o próprio Schiochetti tratou de garantir publicamente ao jornalista Adelor Lessa:
“Kaminski é o nosso comandante no sul”.
Julio Kaminski deve ser candidato a deputado estadual em 2022.
Com o suposto racha interno no partido, o trabalho de uma candidatura estadual demanda muito mais energia que o normal.
Se no cenário estadual, a eleição de 2020 não foi bem digerida, há que se admitir que na província carvoeira, não foi diferente.
Viu como assumir uma cadeira na câmara de vereadores pode significar muito mais do que parece?