
A eleição de 2018 em Santa Catarina acabou hoje.
Nessa espécie de segundo turno que compreende o período entre os dois processos de impeachment, Carlos Moisés e Daniela Reinehr travaram entre si uma disputa maior do que os dois juntos contra Merísio, à época.
Moisés sabia desde o início que Merísio era seu adversário e opositor. Sabia que não podia sentar-se à mesa com o “inimigo” para discutir a eleição. Mas com Daniela, ele não só sentou à mesa, como foi ele próprio que a escolheu para compor a chapa bolsonarista vencedora.
Acontece que o poder é sedutor e é fácil acostumar-se a ele. Difícil estar no governo e não querer permanecer. Ou ser o próprio governo.
Daniela assumiu interinamente duas vezes. Repetiu condutas questionáveis, fez um governo para os amigos do rei e não estabeleceu relações. No segundo mandato dela, esse que termina hoje, as ações que mais serão lembradas, serão as infinitas nomeações e trocas de secretários.
Moisés também teve um primeiro governo de muitas falhas e dificuldade de se comunicar.
O comandante retorna pela segunda vez, após mais um processo de impeachment que tinha a intenção de atingir outras pessoas, além do próprio governador.
Se a postura de Moisés mudou quando ele retornou após o julgamento do primeiro processo, é possível que nesse segundo retorno, novas mudanças possam ocorrer. O afrouxamento das regras de combate ao coronavírus, por exemplo, que pode levar a um aumento exponencial dos casos no estado, deverá ser uma das primeiras pautas do governador.
Para além do resultado efetivo do julgamento de hoje, haverá ainda outros desdobramentos como demissões e recontratações de pessoas de confiança. Mas talvez o principal deles seja o recado que o resultado do julgamento deu a quem está no poder, a quem está na beira do campo querendo entrar e a quem está de olho em 2022.
Ao fim dessa novela, ficam também algumas dúvidas no ar, como, por exemplo, quanto de articulador uma pessoa é de fato e quanto é só fama mesmo.
Uma outra pergunta sem resposta é: quem poderia imaginar que o PT salvaria Moisés, o candidato que foi eleito arrastado por uma avalanche bolsonarista que tem como principal lema o antipetismo?
As voltas que a vida dá talvez expliquem ou respondam muitas coisas com o passar do tempo.
Enquanto isso, será difícil explicar ou entender como um governo interino troca todo o secretariado sem antes saber quanto tempo ficaria no cargo.
No twitter, um jornalista disse que mesmo antes de encerrar a votação, os secretários de Daniela já limpavam as gavetas. Ao que foi respondido:
“Menos de dois meses e vão limpar o que nas gavetas? Com dois meses nem dá pra conseguir fazer a TI (setor de tecnologia) configurar o computador com o sistema que precisam, no máximo dá pra fazer um e-mail institucional.”
No discurso de “posse”, Moisés foi sucinto e disparou: “catarinenses, contem comigo.”
Nós contaremos, governador.
Faça jus a isso.