Filiados, lideranças políticas locais, regionais e estaduais, fotógrafo, abraços, sorrisos e, claro, uma figura simpática e bem-sucedida como pré-candidato pra chamar de seu. O encontro promovido por uma parte do MDB, nesta terça-feira (25), em Criciúma, teve todos os ingredientes necessários para não deixar nenhuma dúvida no ar: o partido terá candidato ao governo do estado, sim, senhoras e senhores.
O esforço empregado na organização do evento não foi em vão. Quem esteve por lá, pode sentir um clima de festa em torno da presença do prefeito licenciado de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, pré-candidato a governador.
Mas, para os observadores mais atentos, não foi bem assim. Apesar da empolgação do publico que aplaudiu de pé e durante quase dois minutos aquele que pretende estampar o 15 no peito nas eleições deste ano, houve quem saiu de lá com dúvidas. Seria, Antídio, o antídoto contra Moisés?
Com o perdão pelo trocadilho infame, a resposta é “não”. Pelo menos foi o que os movimentos de ontem deixaram transparecer.
Antídio Lunelli reúne abundantes características que o fazem ser um bom nome para concorrer ao cargo. Além de estrutura financeira, é conhecido pela gestão que faz em Jaraguá do Sul, da qual ele fala com orgulho do enxugamento da máquina pública que promoveu por lá. Nada mais justo. Além disso, parece destemido o suficiente para encarar a batalha eleitoral. Convenhamos, disputar uma eleição não é brincadeira. Possui, ainda, uma outra característica que parece fazer sentido neste momento: não tem nem pouca nem muita experiência política. Então não pode ser confundido nem com a política velha demais, nem com a política inexperiente.
Só que isso não é o suficiente. No discurso de ontem, faltou ser “pré-candidato”. O clima amigável não foi suficiente para arrancar de Antídio, mais que algumas bravatas. Citou o povo catarinense, ao qual chamou de ordeiro e trabalhador uma dezena de vezes. Antídio também foi econômico nas críticas ao atual governo. Todas essas nuances deixaram a impressão que a viagem ao sul do estado também poderia ter mais a intenção de fazer Carlos Moisés, (ainda sem partido), decidir logo se vai ou não para o MDB do que, propriamente, alavancar sua candidatura.

Mas teve indireta
O emedebista também falou sobre o que o motivou a disputar a eleição e reclamou da falta de participação nas decisões do partido. “Fazem a decisão, dentro de uma sala, às vezes em dois ou três, no máximo quatro e o que nos sobra? O papel de formigas carregadeiras. Carregamos as pedras, vamos pedir voto. E onde tá a nossa participação? Por isso eu falei: eu quero ser candidato”.

Antídio canta e dança
Se faltou alinhar o discurso de acordo com a pretensão da vaga, sobrou amor pelo partido. “Eu sou da época que a nossa musiquinha era: MDB, MDB, MDB, o povo agora vota certo com você”, entoou o pré-candidato, enquanto balançava o corpo para acompanhar a música. Na sequência, debruçado sobre o espólio político de Luiz Henrique da Silveira, lembrou uma ou duas histórias da política.
Vai ter prévia sim, porém depende
A essa altura você já deve estar se perguntando: vai ter prévia?
O deputado federal Carlos Chiodini, vice-presidente do MDB Nacional, garantiu que sim (porém, depende). Segundo ele, a data prevista, 19 de fevereiro, marcada pelo diretório, está mantida. Vai ter prévia.
Se o MDB está apresentando Antídio Lunelli como o pré-candidato ao governo, a prévia será apenas para oficializar isso?, questionei.
“Podemos mudar a pergunta. O Paulo Afonso até sugeriu numa reunião que a gente fizesse a prévia pra saber se os emedebistas querem ter candidato próprio ou querem estar com Moisés”, respondeu Chiodini, deixando claro que a questão ainda não está definida e que, sim, se Moisés quiser, o MDB também quer (por enquanto).
Dia da mentira
“Agora até o dia da mentira, que é 1º de abril, é marcado pelas discussões internas”.
Desfritar o ovo
“Como que desfrita o ovo? Tem um jeito: chamar o diretório, o pessoal que não quer prévia vai ter que convencer a ala que quer”, destacou o deputado. “Nossa intenção é ao menos fazer a prévia acontecer, seja qual for o resultado. Pra finalizar a questão Moisés: é uma hipótese que eu admito também, mas ela precisa ser formalizada. Moisés tem que decidir a vida dele pra formalizar a proposta. O que não pode é ter uma proposta assim: ~eu não tenho partido, não sei pra onde vou e eu quero vocês comigo, mas a proposta não é pro partido, é pra um grupo dentro do partido~. Então é muito frágil essa relação”, finalizou Carlos Chiodini, deixando escancarada a impaciência com a falta de definição por parte do governador Carlos Moisés da Silva que troca uns olhares com o MDB mas ainda não convidou pra sair. “Quem namora demais pode ficar sozinho. Moisés precisa se decidir”, finalizou o deputado.
