Para surpresa de ninguém (pelo menos, não por aqui, neste site), o ex-prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli retirou sua candidatura ao governo pelo MDB. A decisão foi comunicada durante a reunião da executiva estadual do partido em Florianópolis, na noite desta segunda-feira (20). Mas não foi só essa novidade por lá. É que depois de muito tempo de negociações, o partido definiu que irá apoiar a reeleição de Carlos Moisés e que o nome do ex-quase-pré-candidato emedebista seria apresentado para ser o vice na chapa com o governador. E essa também não foi, digamos, uma surpresa absoluta. No fim do ano passado, Moisés já havia convidado Antídio para ser seu vice.
A novela emedebista entre Moisés e o MDB teve início no fim do ano passado quando o apoio da bancada do 15 dava sinais claros que ambos estariam juntos nas urnas neste ano. Só que naquele momento, acreditava-se que Moisés iria para o partido. Ele acabou indo para o pequeno Republicanos, mas nunca deixou de prestar atenção nos movimentos do MDB.
E olha que o MDB fez coisa. Foi prévia que não teve, foi convocação de executiva, foi carta de Celso Maldaner. “Teve de um tudo”. Só não tinha um candidato viável. (Na política, chamamos de viável quando a candidatura tem reais chances de eleição). E sobre isso eu também falei aqui no site.
Relembre: Na série The Crown, uma crônica da Netflix que reproduz, com licença poética, a vida da Rainha Elizabeth II, uma cena me chamou atenção. A monarca, num dos diálogos com um dos rebeldes integrantes da família real, disse que a “Coroa”, enquanto instituição, sempre estaria acima de qualquer anseio pessoal. Ou seja, não importa as suas vontades pessoais, as decisões serão tomadas sempre pensando primeiro na instituição Real. Ao avaliar a situação em que se encontra o MDB, não seria muito fora de tom concluir que a decisão que o partido irá fazer prevalecer possa ser pensando na continuação do partido e, não, pensando nas pessoas em si.
Se Antídio não subiu nas pesquisas, qual seria o melhor caminho? Arriscar ficar de fora do governo ou tentar fazer parte do alto comando do estado? Manter a candidatura de Lunelli e, caso fosse derrotado nas urnas, ser oposição por pelo menos quatro anos ou, ceder e participar da eleição sendo o vice do atual governador? Ruim ser vice, pior não ter mandato?
Também dediquei um tempo para avaliar a situação em que se encontrava Antídio Lunelli, quando Celso Maldaner ensaiou um apoio público ao governador, foi criticado, recuou e escreveu uma carta.
Eu disse, à época: No começo do ano, enquanto Moisés não se decidia se ia ou não para o maior partido de Santa Catarina, a figura de Antídio Lunelli, ex-prefeito de Jaraguá do Sul começou a ser amplamente divulgada pelo estado como o nome que o MDB apresentaria nas urnas em 2022.
Só que, para isso, precisaria passar pelas prévias do partido, marcadas para fevereiro. Na fria letra da lei, as prévias não aconteceram. Pelo menos, não, como deveriam. O que aconteceu foi a aclamação do nome de Lunelli como pré-candidato do partido já que não houve disputa. É que os outros nomes postos dentro da sigla para concorrer à vaga de candidato a governador retiraram suas pré-candidaturas justamente para que não houvesse a prévia como deveria. Esse argumento seria usado mais tarde para justificar que Lunelli não venceu as prévias, já que não houve disputa. Foi aclamado, mas não venceu a disputa, pois não houve.
Além disso, um outro fator começou a pesar e colocar a pré-candidatura do jaraguaense em dúvida: Lunelli não avançou nas pesquisas como o partido gostaria ou como deveria ser para ser o que chamamos no meio político de candidatura viável, que é quando um candidato tem possibilidade real de ser eleito, segundo pesquisas.
Sabemos que ainda há um pouco de água pra rolar debaixo dessa ponte, mas, a movimentação de Moisés em direção do PSDB parece ter surtido efeito. Foi uma forma de dizer aos emedebistas: “pessoal, e aí? vai rolar?”. Rolou. Agora só falta decidir quem disputará ao senado, fato que deve acontecer no próximo dia 27.
Em agenda na região sul nesta terça-feira (21), para liberações de verbas em Içara e Criciúma, Moisés falou sobre a decisão do MDB em tom de comemoração. Veja o que ele disse ao jornalista Anderson de Jesus, que esteve presenta na coletiva de imprensa:
De Jesus: MDB confirmou Antídio como seu vice. É uma aliança que o Senhor imaginava? Satisfeito com a decisão?
Moisés: ontem foi um dia muito importante pro futuro de Santa Catarina, pra política do nosso estado, (mostra) a força do MDB. Com essa notícia nós temos a consolidação de uma aliança e essa aliança com o MDB certamente nos fará caminhar com passos mais largos rumo a um projeto de continuidade do cuidado que o nosso governo tem com o catarinense. A importância do MDB com 100 prefeituras municipais, a força partidária, a fé que cada um tem e os grandes serviços já prestados à Santa Catarina pelo próprio MDB e seus integrantes mostra que nós estamos no caminho certo. Quando um partido se alia ao governador Moisés, ao Republicanos aqui em Santa Catarina, é certo que o estamos fazendo na gestão publica deve continuar, é uma vitória. O dia de ontem é pra ser comemorado. Uma decisão importantíssima que a executiva estadual do partido nos confere e eu tenho certeza que os próximos passos vão se consolidando, temos muito dialogo a fazer, muitas definições, mas ontem foi um dia histórico para o nosso estado”, concluiu o agora republicano emedebista, Carlos Moisés da Silva.