Haja paciência!

11/05/2022

Uma boa campanha política faz uso de inúmeros elementos na hora de compor todo o combo de informações que deseja transmitir ao público, ou, neste caso, ao eleitor. Dentre o leque de possibilidades que a comunicação e o marketing político oferecem, dois pontos precisam ser levados a sério: o arquétipo e a linguagem não verbal.

Os arquétipos, que norteiam desde o desenvolvimento de uma marca, até a forma que esta marca irá se comunicar com seu público, fazem parte da teoria desenvolvida pelo psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung, que decodificou, por assim dizer, o conceito de inconsciente coletivo. Hoje, são pelo menos 12 os arquétipos utilizados para a determinação dos traços da personalidade de uma marca. Se você não é familiarizado com o assunto, deixo aqui alguns exemplos de arquétipos: inocente, sábio, governante, pessoa comum, bobo da corte, herói, fora da lei, entre outros.

Para cada tipo de arquétipo, diferentes elementos fazem parte da composição da personalidade. O bobo da corte, por exemplo, é usado por marcas que desejam passar a ideia da diversão, da leveza, da simplicidade.

Já a linguagem não verbal, é tudo aquilo que uma marca deseja comunicar, porém sem precisar verbalizar nem escrever o que quer fazer chegar ao grande público. É também um conjunto de elementos como cores, postura corporal, gestos, ilustrações, tom de voz, etc. Você pode determinar a mensagem a ser passada e aliar à estratégia, os traços da personalidade do arquétipo escolhido e os elementos da linguagem não verbal. Tudo isso ajuda a compor uma marca e a posicioná-la no mercado.

Só que isso também é válido para pessoas comuns, como eu e você.

E para os políticos.

Em período de pré-campanha, mais do que cuidar do que é dito, é prudente cuidar do que não é dito. A imagem que um candidato criar nesse período, pode ser fator determinante no período crucial da campanha propriamente dita.

Se eu falar o nome de Jair Bolsonaro ou de Lula, você, imediatamente irá lembrar da postura deles. Cada um a seu modo. Vai lembrar, inclusive, do tom de voz que cada um deles usa ao se comunicar com seus eleitores. Isso faz parte de uma construção de imagem. Eles passam o que querem passar.

Dia desses falei sobre o quanto os políticos gostam de camisas de cor azul. É que a psicologia das cores é bem clara sobre a impressão que a cor azul causa: seriedade, lealdade, etc.

E porque eu escrevi esse textão desse tamanho em plena quarta-feira sendo que tenho muito mais o que fazer?

Porque na segunda-feira eu escrevi no twitter que não conseguia visualizar a candidatura de Antídio Lunelli ao governo, usando uma comunicação “clownesca”. Essa é uma expressão aportuguesada que deriva da palavra em inglês clown – que significa palhaço. Só que o contexto tinha a ver com a figura do clown nas artes dramáticas e não com nenhum outro sentido pejorativo que fosse. Para quem tem familiaridade com o assunto, sabe que clawnesco nada tem de depreciativo. Fiz a publicação após receber um card que consta no perfil do MDB de Santa Catarina, ilustrado pela foto do pré-candidato a governador, Antídio Lunelli e pelo pré-candidato a deputado estadual, Geraldo Passos, o palhaço Biriba. No card, Biriba aparece trajado com as vestimentas de palhaço.

O impacto da imagem me fez lembrar o período em que o hoje deputado federal Francisco Everardo, o Tiririca, foi candidato. Vale lembrar que após eleito, Tiririca trocou os trajes de palhaço por ternos bem cortados. E porquê? porque lá não é local para brincadeiras, ainda que esse país, muitas vezes, pareça mesmo um circo e a vestimenta faz parte da linguagem não verbal.

Mas, por aqui, nem o MDB estadual e nem o pré-candidato a deputado estadual compreendeu o que eu disse. O primeiro, encaminhou via instagram a mensagem que você lê na íntegra a seguir. O segundo, chegou a sugerir aos seus seguidores que imaginassem o modo como a “jornalista”, entre aspas, expressa sua opinião sobre garis, coletadores ou negros. Fez isso sem nenhum elemento que embasasse sua publicação, baseado apenas numa imensa falta de interpretação de texto e, envolvendo na sua ignorância sobre o assunto em questão, quem não tem nada a ver com a história.

Se eleito, Geraldo Passos não será o palhaço Biriba no parlamento. Aparecer num card vestido de palhaço nos remete, inconscientemente, a um assunto engraçado, a uma brincadeira, típicos do arquétipo do bobo da corte, (espero não ter de explicar que aqui não estou chamando ninguém de bobo e, sim, fazendo referência ao arquétipo de Jung). Política não é ou não deveria ser vista dessa forma. É e preciso ser tratada com a devida seriedade. Os assuntos tratados diariamente por políticos não são piadas, nem engraçados. São pautas que que podem mudar a vida das pessoas. Não é campo para brincadeira, ainda que de modo subjetivo. Dizer que eu desrespeitei ou fui preconceituosa com a classe dos trabalhadores da arte circense beira a maldade. Não foi esse o caso, nem de longe. Me parece que quem se aborreceu com meu comentário entende bem menos de clown e suas nuances do que eu.

Oi Magda (SIC) Tudo bem? Referente a sua postagem sobre o card do MDB apresentando o candidato Biriba, gostaríamos de pontuar em primeiro lugar que a comunicação não é do pré-candidato ao governo, Antídio Lunelli, e sim do partido, voltada à apresentação dos pré-candidatos a deputado estadual e federal.

Em segundo lugar, queremos reforçar que temos muito orgulho do Biriba, que tem uma profissão nobre como qualquer outra. Diversos cards com pré-candidatos já foram postados, mas lamentavelmente só o dele chamou a atenção (de forma pejorativa).

Seguimos firmes divulgando nossa nominata e fortalecendo democraticamente o processo pré-eleitoral. O Biriba, assim como o Antídio e todos nossos pré-candidatos, têm todo nosso respeito e apoio.

Print da publicação feita por Geraldo Passos, o Biriba, em suas redes sociais, pedindo mais empatia, ao mesmo tempo que pede aos leitores para imaginarem como trato outros assuntos. hehehe

Sugiro que os envolvidos percam menos tempo tentando explicar posts na internet e gastem mais tempo envolvidos na estratégia para eleger os dois candidatos, pois vão precisar. E, para que todos fiquem felizes, tão logo estejam eleitos, eu volto aqui retirar as críticas que já tenha feito sobre o assunto.

Interpretação de texto acima de tudo.
Noção, acima de todos.

E haja paciência.

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