No jornalismo ou colunismo político, de modo geral, você está acostumado a ler termos como esses: “pode acontecer, há a chance, é possível que isso aconteça, existem conversas entre fulanos”, e tantas outras expressões usadas para dar a ideia de que “pode acontecer” ou “pode não acontecer”. Isso se deve ao fato de que na política as coisas mudam muito rápido e, com isso, o jornalista está livre de ser responsabilizado por eventuais mudanças de rota. Pois bem. No texto de hoje abandonaremos qualquer expressão desse tipo.
Desde o ano passado quando começamos a acompanhar a novela entre MDB e Carlos Moisés, você e eu vimos muita coisa acontecer. E, também, muita coisa não acontecer. Uma delas foi a sonhada e utópica união de todo o partido em torno de um único nome para a disputa que se avizinha.
Naquela época, começo de 2021, esse ainda era um sonho possível. Os principais líderes do partido diziam a plenos pulmões que o manda brasa teria seu candidato ao governo. Tudo que aconteceu de lá pra cá você já está cansado de saber.
Ocorre que o prazo legal para as definições está esgotando. 5 de agosto é a data limite para as convenções partidárias das eleições deste ano, o que faz com que, graças a Deus, essa lenga-lenga dos partidos esteja realmente no fim. Ou vai ou racha mesmo.
No caso da frente de esquerda, que prometeu para esta quarta-feira (13), o anúncio dos nomes de sua chapa majoritária desse ano, as coisas ainda estão indefinidas e eu não tenho esperança de que façam mesmo o anúncio amanhã. A pergunta de milhões é: Dário ou Décio? Boeira ou Afrânio? Certa de que não saberemos a resposta amanhã, vamos ao próximo assunto.
O MDB rachou. Independente do resultado da convenção marcada para dia 23 (me admira que não marcaram para dia 15), o partido vai para essa eleição sem conseguir chegar a um consenso. Antídio será candidato sem ter nem dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos? Udo vai ser vice? Se for, Antídio fará campanha a favor ou contra?
Por falar nisso
A pesquisa divulgada hoje em Criciúma, contratada pela Rádio Som Maior, foi o prego que faltava na tampa do caixão de uma candidatura própria emedebista. Os dois únicos felizes com o resultado foi Moises e Amin. O primeiro por estar liderando em todos os cenários apresentados. O segundo, por ter contabilizado um crescimento interessante nas intenções de votos. Todos os outros, se levarem a pesquisa em conta, deverão se preocupar.
Dia 23 tudo se define
O MDB anunciou que fará sua convenção partidária no dia 23, 9h da manhã. O Republicanos de Moisés, anunciou pouco depois do MDB que a sua convenção também será dia 23, só que à noite, 19h. Isso me faz crer que o governador e o próprio MDB “já combinaram com os russos” e vão pra convenção de mãos dadas, pois às 19h, no encontro do Republicanos, já se saberá o desfecho da maior novela política desse estado.
Duas mil pessoas recebem Moisés em Araranguá
Com um olho no peixe, outro no gato, Moisés segue o baile da pré-campanha participando de eventos de apoio ao seu projeto de reeleição. Nesta segunda (11), esteve em Araranguá num encontro que reuniu cerca de duas mil pessoas no Caverá Country Park. O ato teve a participação de prefeitos do MDB, PP, PSDB e Republicanos, deputado estadual Luiz Fernando Vampiro (MDB), ex-deputado estadual Manoel Mota (MDB), vereadores e pré-candidatos de diversos partidos. Aliás, nessa eleição esse será um gesto ao qual devemos acostumar a ver: a “dissidência” partidária culposa, que é quando o político não tem a intenção de abandonar o próprio partido, mas faz campanha para o candidato de outra sigla, por se identificar mais com este. Digo isso pois PP tem Amin pré-candidato. MDB ainda não sabe pra onde correr. PSDB, idem. E todos esses estavam no ato de ontem do governador.
Governador do pix, sim
Lá pelas tantas, durante seu discurso empolgado, o deputado estadual emedebista, Luiz Fernando Cardoso, carinhosamente chamado de Vamps por aqui, disse que “muita gente diz que o Moisés é o governador do pix, e é mesmo. Antes era do papel. Assinava e não pagava. Agora é do pix e entrega”.
A crítica, que agora foi incorporada no discurso de defesa do governador, é em alusão ao Plano 1000 do governo do estado. Seus adversários alegam que os prefeitos só declaravam apoio ao Moisés por conta do “pix”, que é o orçamento prometido aos gestores municipais que apresentassem projetos para uso da verba. Estrategicamente, ao usar os mesmos termos usados pelos adversários, faz com que o assunto enfraqueça e a crítica não atinja seu objetivo. (para ver o vídeo da fala do Vampiro, corre lá no insta: @magastopassoli).
Enquanto eu escrevia esse texto
Enquanto eu escrevia esse texto, Carlos Moisés participava do encontro da bancada emedebista em Florianópolis, o famoso almoço das terças. Ele e Udo Dohler. Será que já combinaram com os russos?