“Eu jamais seria ingrato ao governador”, diz Rodrigo Minotto

Três décadas de militância política, renderam ao deputado estadual Rodrigo Minotto (PDT), muito mais que duas eleições com folga. Na última, estaria eleito com aproximadamente 16 mil votos. Fez 26 mil. O parlamentar que tem como uma de suas principais bandeiras a educação, também tem bom trânsito político e muita destreza para afalar sobre assuntos que poderiam causar algum desconforto. “Te respondo isso com muita tranquilidade”, disse para uma dessas perguntas.

No último ano de seu segundo mandato como deputado estadual e já em pré-campanha pela reeleição, Minotto mantém um perfil clássico de um político avesso às polêmicas. Ao ser perguntado como anda sua relação com o governador Carlos Moisés (ex PSL), “tá excelente”, respondeu.

A pergunta acima não foi ao acaso. É que em 2020, um dia antes da Assembleia Legislativa decidir se afastava ou não o governador, ainda no primeiro processo de impeachment, Rodrigo Minotto, até então bem próximo do governador, se licenciou do cargo alegando que iria focar em sua campanha para prefeito de Criciúma, nas eleições daquele ano. Dessa forma, não deixou sua digital no painel eletrônico da casa legislativa que afastou o chefe do executivo num placar de 32 votos favoráveis ao afastamento, 7 contrários e uma abstenção – a dele.

“Eu vou te dizer o que me fez ter aquela atitude naquela ocasião. Quando do período difícil, o único deputado do sul (a apoiar o governador), era eu”, relembrou. “Eu jamais seria ingrato ao governador. Eu não poderia votar contra ele. Só que naquela oportunidade, meu partido me cobrou uma posição e eu não quis contrariar o partido e nem votar contra o governador”, justificou. A decisão de última hora, coincide com a mudança de planos por parte do PSL, partido que estaria na chapa de Rodrigo Minotto, o que não ocorreu. Á época, PSL e Carlos Moisés ainda cabiam na mesma frase. Com o descumprimento do combinado, Rodrigo Minotto teve como vice, o cantor Neguinho, seu amigo pessoal. Já o PSL acabou ocupando a vaga de vice na chapa com Júlia Zanatta (PL). Mas, sobre o assunto, o parlamentar finalizou dizendo que a relação política com Carlos Moisés vai muito bem, obrigada. E vai bem mesmo. Recentemente, durante sua passagem por Bal. Arroio do Silva, acompanhando o governador, Minotto fez críticas contra o senador Jorginho Mello (PL), que é um possível adversário de Moisés nas eleições desse ano. Moisés continua parceiro do deputado pedetista nas liberações de verbas e autorização de obras como a Rodovia Jacob Westrupp, entre Forquilhinha e Maracajá, com investimento de R$ 13 milhões de reais por parte do Governo do Estado. Solicitação feita por Minotto e atendida por Moisés, pouco depois de retornar ao cargo, no segundo processo de impeachment.

Maior orgulho

“1 bilhão e 300 mil reais em bolsas de estudo. Meu maior orgulho acho que foi isso. Tu não imaginas o quanto é gratificante receber mensagem de agradecimento de um pai, de uma mãe, de um aluno”, orgulha-se. Rodrigo Minotto, que é coordenador da Frente Parlamentar das Universidades na Assembleia Legislativa, tem como uma de suas principais bandeiras a educação desde o início de sua vida na política. “Eu estou muito otimista pelo fato de que esse mandato foi muito diferente do mandato passado. Pela parceria com o governo, por ser um governo realmente diferente, municipalista, republicano, diferente, independentemente de partido ele tem atendido todos de forma uniforme. Me sinto realizado pelo que eu fiz. E uma coisa que eu fiz e me marcou muito, não só pelo volume, mas pelo benefício que são as bolsas de estudo do artigo 170.

Eleições 2022

O cenário para as eleições deste ano em Santa Catarina ainda não está definido. Partindo, inclusive, do fato de o próprio governador ainda não ter decidido para qual partido irá. Se, por um lado, algumas definições ainda não ocorrem, por outro, as movimentações têm se avolumado. É o caso da chamada Frente de Esquerda, um movimento que agrega sete partidos de esquerda, (PT, PDT, Psol, PCdoB, PV, Rede e Solidariedade) e que, como você viu, conta com a participação do PDT. Vale destacar que no dia em que os partidos da frente se reuniram em Criciúma, Minotto estava em agenda na região norte do estado.

Maga – Como fica a tua posição numa possível candidatura majoritária a governador, já que o PDT, teoricamente, faz parte dessa frente que deve ter candidatura?

Minotto – Vai ficar como o PP, que tá se construindo (para ter candidatura) tem líder de governo, secretário de estado e um membro do partido que é oposição ao governo. Igual o PT que tem benesses no governo e que vai ter candidato.

Maga – Você fica com o candidato do seu partido?

Minotto – Eu fico com o meu partido, com os encaminhamentos que o partido definir. Eu tenho 30 anos de militância partidária, tenho uma liderança estadual no partido que me credencia a falar pelo partido em qualquer lugar do estado. Eu respeito o partido. Temos que ter candidatura para fortalecer o partido e a bancada. Queremos eleger dois estaduais e um federal. Queremos um partido forte, maior.

Olhando pro futuro

Se a avaliação do mandato é positiva, a expectativa para o futuro, também é. Embora ainda tenha muita água pra rolar, Minotto é pré-candidato à reeleição e diz que está olhando pra frente. O parlamentar que foi candidato à eleição em Criciúma, em 2020, ficando em 4º lugar, considera que o aprendizado e a oportunidade que uma campanha municipal proporciona no sentido de exposição, serão importantes para as eleições desse ano. Embora tenha se recolhido após a campanha, “tem horas que a gente quer se recolher”, pontuou, Minotto está animado com a perspectiva da reeleição. “O político tem que querer ser”, referindo-se ao fato de que não se pode ter medo de ocupar os espaços na política.

“Eu quero continuar fazendo”, finalizou.