“Eu acho que o Salvaro poderia compor chapa com o MDB em 2022”, diz Eduardo Pinho Moreira

13/08/2021

O ex-governador declarou ser pré-candidato a deputado estadual em 2022.

Um dos anciões do MDB em Santa Catarina não vive seu melhor momento dentro do partido onde construiu uma carreira política vitoriosa. Eduardo Pinho Moreira, 72 anos, disse que se sente desrespeitado pelo MDB de Criciúma e que a relação com o presidente estadual da sigla, Celso Maldaner é, em suas palavras, “praticamente inexistente”.

Aqui na região, dentre as possibilidades do partido para as eleições estaduais do ano que vem, os nomes de Aníbal Dario, Tati Teixeira e Murialdo Gastaldon são cotados para representar o MDB nas urnas. Uma característica é comum entre eles: a falta de movimentação política com cara de pré-candidatura caso queiram, de fato, estar na Alesc ano que vem.

Recentemente, Moreira foi convidado pelo governador Carlos Moisés da Silva para ocupar a vaga de diretor financeiro no BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – porém segundo ele, os tramites da contratação ainda devem levar cerca de 30 dias.

Mesmo assumindo a vaga na instituição, o ex-governador declara que assume a função de ser o representante do MDB no sul catarinense em 2022, já que, como ele mesmo disse, eleição é fazer conta porque precisa somar votos. O pré-candidato disse que pensou em Clésio Salvaro (PSDB) para compor chapa com o MDB na majoritária.

Confira:

Maga: Governador, como está a sua relação com o MDB em Criciúma e com o presidente estadual do partido?

Eduardo Moreira: uma relação praticamente inexistente. Ano passado eles acharam que nós, os mais velhos, não devíamos participar. Houve um afastamento natural e que não é bom nem pro MDB de Criciúma e nem pra mim. Tem que ser refeita (a aproximação). Eu tenho uma história partidária no MDB a partir de Criciúma então é um momento de resgatar esse convívio.

Maga: E com o presidente estadual?

Eduardo Moreira: falei com ele ano passado. Esse ano não lembro se falei. Pessoalmente não falei nenhuma vez. Mas volto a dizer, tem que resgatar isso.

Maga: o Sr. acha que dá tempo de resgatar?

Eduardo Moreira: eu acho que sim. Acho que tem que haver o reconhecimento. A renovação é necessária, mas a renovação é necessária com a experiência. Só renovar como aconteceu em 2018, quando muita gente se elegeu sem nenhuma bagagem política e acabou muita gente quebrando a cara, decepcionando os eleitores. Por exemplo, eu tenho 72 anos, sou médico, fui prefeito, deputado, vice-governador, trabalhei em vários setores da área pública e privada, secretário de estado, governador, enfim, adquiri experiência. Levar isso pra casa e deixar lá? Então acho que a renovação é necessária, mas com experiência e não só com o ímpeto da juventude.

Maga: observando o MDB de Criciúma nota-se que não nasceram novas lideranças do partido com potencial de voto para 2022, tirando o deputado Vampiro e a deputada Ada De Lucca. Dessa forma o partido pode ter problema pra eleger alguém da região. Quem o Sr. acredita que pode ser o candidato ou a candidata do MDB no Sul?

Eduardo Moreira: nós não podemos deixar de fazer conta. Eleição você tem que fazer conta porque depende de um número de votos. Eu vejo uma preocupação dos cinco prefeitos do MDB da região carbonífera, de ficar sem representação na Assembleia (Legislativa de Santa Catarina). Hoje tem dois lá que são a Ada e o Vampiro, mas eles serão candidatos a dep. federal. Numa reunião com esses prefeitos, pediram que eu fosse o candidato e está caminhando pra isso. O fato de eu ter sido convidado pelo governador (Moisés), para o BRDE, que é algo não concretizado ainda, não me afasta desse pedido dos prefeitos e do MDB da região. Se for possível renovar, eu não sou contra, só que até o momento, nós não vimos um nome com potencial de chegar na eleição com vitória. Esse é o fato. Eu sou o político que mais formou lideranças, que mais deu oportunidades. Vou citar nomes: eu levei pra ser meu assessor em Florianópolis e depois fiz secretário de estado, o atual vice-prefeito de Criciúma, Ricardo Fabris. O Acélio Casagrande, foi meu chefe de gabinete na prefeitura, depois secretário da saúde, levei ele pra ser secretário em Brasília, secretário de saúde em SC. O Vampiro, que era vereador, levei pra ser deputado estadual, depois secretário da infraestrutura, foi reeleito. O Paulo Meller, foi extremamente leal e continua sendo. O Ronaldo Benedet, nomeanos como secretário de segurança pública. O próprio Olvacir Fontana, que é um grande pensador, idealizador da Via Rápida. Poderia citar inúmeros outros nomes. Queria que um líder me substituísse em criciúma e isso não aconteceu. Alguém que tivesse a condição que eu adquiri de chegar a ser presidente do MDB estadual durante quase 10 anos, presidente da Fundação Ulisses Guimarães, eu sempre tive uma função a nível estadual. Um líder que pudesse dar um rumo pro partido. O Luiz Henrique (da Silveira) era um líder. Se ele dissesse: “vamos pular daqui de cima”, a gente pulava. Ele era um líder e o líder não acerta sempre, mas o líder lidera sempre. Na falta de um líder nós tivemos inúmeras divisões e isso prejudicou o partido.

Maga: na nossa primeira conversa em junho, o sr. disse que tomaria a decisão de ser candidato ou não, com muita tranquilidade. Agora veio o convite para o BRDE. O Sr. já tomou a decisão para 2022?

Eduardo Moreira: eu serei candidato. Não está afastada essa hipótese. Pelo meu perfil pensei que pudesse ser candidato a federal, pelo nome estadualizado, mas como Ada e o Vampiro se lançaram, eu os respeitei e abri mão. Então minha missão agora é ir a estadual.

Maga: O Sr. é MDB. Clésio Salvaro, PSDB. Vocês já tiveram rusgas importantes no passado e agora estão aproximados. O sr. está próximo do governador Moisés também. O MDB, por sua vez, vai ter prévias para ter candidatura própria, porém Moisés não vai querer passar pelas prévias. Bem medido e bem pesado, há uma possibilidade de uma tríplice aliança novamente (PSDB – PSD – MDB)?

Eduardo Moreira: eu fui bairrista ali no estímulo à candidatura do Clésio. A região sul de Santa Catarina, teve muitas ações do governo do estado quando eu estive lá, são inúmeras, mas ninguém se formou líder no MBD em condições de ocupar uma chapa majoritária. Na região sul, tirando eu que saí do processo em 2018, quem é o outro nome que pode participar de uma chapa majoritária, tirando o Clésio Salvaro? Não temos. Eu acho que o Salvaro poderia compor uma chapa com o MDB em 2022. Quando eu incentivei que ele fosse candidato, pensei até nessa possibilidade. Então é um processo de construção. No início do ano que vem, o MDB vai definir o seu candidato e escolher o seu caminho. O caminho vai ser se afastar do governo Moisés? Se for isso, nós todos sairemos.

Maga: quando conversei com o ex-governador Paulo Afonso Vieira ele disse que pagou um preço alto por ter furado a fila dos candidatos do MDB ao governo. O Sr. acha que o Antídio Lunelli (prefeito de Jaraguá do Sul), está furando a fila também?

Eduardo Moreira: o Dário Berger, que é um candidato vencedor, isso é um fato, é um nome forte. Teoricamente ele seria o candidato natural. Ele tem o maior mandato do MBD que é o de senador, então ele seria o nome. Só que o MDB não tem dono. Aí surgiu o Antídio Lunelli, estimulado por lideranças do norte do estado. Tem seus méritos também. Agora, é precoce? Não sei. Quem vai dizer serão as prévias do partido e o catarinense depois.

Maga: o sr. avalia que o governador Carlos Moisés está em condições de se reeleger?

Eduardo Moreira: ele faz um governo, nesse momento, exitoso, isso é indiscutível. A gente percebe que ele está motivado politicamente. Tornou o governo mais político, nomeou o Eron (Giordani) para chefiar a Casa Civil, que é extremamente habilidoso no trato político. O Eron conseguiu uma relação muito boa com os deputados na Alesc, onde ele era chefe de gabinete do presidente da Alesc, o deputado Júlio Garcia (PSD). Ele está dando um banho. O Moisés tem sido bem recebido onde vai. O governador tá páreo. Ele é um potencial candidato que não pode ser desprezado pela força de ser governador.

Maga: vocês já conversaram sobre ele ir para o MDB?

Eduardo Moreira: essa conversa nunca existiu. E ele nunca me disse que será candidato, isso é fato. Mas é perceptível pelos movimentos que faz que será candidato.

Maga: em algum momento o Sr. já pensou em sair do MDB?

Eduardo Moreira: é claro que essa discussão existiu, mas foi uma vez só, em 1988. Eu e o José Augusto Hulse pensamos em sair, mas o Lírio Rosso, um dos fundadores do partido, disse: “não façam isso”. Mas acho que nesse momento o MDB está desrespeitando seus líderes. Eu me sinto, de alguma forma desrespeitado, notadamente, em criciúma. Por isso aquela tua pergunta inicial, tu já deves ter percebido alguma coisa. Mas a culpa também pode ser um pouco minha. Me ausentei fisicamente de criciúma. Achei que uma nova liderança fosse surgir nesse espaço e isso acabou não acontecendo.

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