Uma das perguntas que deve permanecer sem resposta a curto prazo versa sobre quem pode ser o nome a encabeçar a famigerada terceira via para as eleições presidenciais no Brasil.
Mas a falta de resposta não se dá pela falta de interessados na vaga e, sim, pela demora em pavimentar uma terceira opção nas urnas em 2022. Se as eleições fossem hoje – ou no mês que vem – os principais nomes seriam Jair Bolsonaro e Lula, para surpresa de ninguém.
Nas disputas de 2018 e 2020, um fator ficou evidente: está cada vez mais difícil eleger um candidato sem torcida ou, sem inimigos declarados, desses que puxam a fila dos xingamentos nada canônicos nas redes sociais.
Sabendo disso, quando olhamos para 2022, o que vemos, por enquanto, são dois times bem definidos: lulismo x bolsonarismo. A terceira via, da qual tanto se ouve falar, vira e mexe, aparece no retrovisor, mas ainda sem conseguir ser amada ou odiada. A falta desses sentimentos, dificulta a vida de quem quer emplacar uma opção que agrade quem não se encaixa nem muito à esquerda, nem muito à direita.
Além de Ciro Gomes, circulam nomes como Sergio Moro, Luiz Henrique Mandetta, João Dória, Eduardo Leite, Simone Tebet e Rodrigo Pacheco. Por enquanto, em comum, todos tentam descolar tanto de Lula, quanto de Bolsonaro. Enquanto esses dois últimos inflamam suas torcidas estrategicamente, os outros ainda patinam. Para quem é ou já foi presidente, é natural que seja muito mais fácil “conversar” com seus eleitores. Quem nunca foi eleito ou está sem mandato, costuma passar um pouco mais de trabalho.
Aqui em Santa Catarina, um encontro nesta sexta (30), reuniu a alta cúpula do PSD, em Florianópolis e contou com a presença do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab. O político, que já foi prefeito de São Paulo, está trabalhando para construir uma alternativa à polarização política que domina o país. Para Kassab, a construção da terceira via pode nascer com a vinda Rodrigo Pacheco, atual presidente do senado, para o PSD. Pacheco atualmente está filiado ao DEM.
Se o candidato à presidência do PSD parece encaminhado, aqui no estado, uma trinca de ases está posta à mesa do jogo político. Trata-se de Raimundo Colombo, Napoleão Bernardes e Joao Rodrigues. O primeiro, conhecido pelos catarinenses pela sua extensa vida pública e com passagem pelo governo do estado. O segundo, ex-prefeito de Blumenau e ex-candidato a vice-governador em 2018, na chapa que ficou em terceiro lugar. Aqui, peço licença aos nobres leitores para recordar o que disse o ex-governador Paulo Afonso Vieira quando me concedeu entrevista. Ele disse: “eu fui governador muito jovem e paguei um preço alto por furar a fila dos que queriam ser governadores. Hoje eu sei disso. Também me faltou a experiência de ter passado por Brasília. Eu não tinha experiência de Brasília”, relembrou. Napoleão Bernardes também é jovem e ainda não tem passagem pela capital federal. Por último, João Rodrigues, que chegou há pouco, mas já ocupa uma vaga na janelinha, já que segue na garupa de Jair Bolsonaro. O pessedista de Chapecó está na frente, inclusive do senador Jorginho Mello (PL), nas pesquisas recentes feitas no estado. Embora sejam de partidos diferentes, ambos querem o capital político do presidente Bolsonaro para chamar de seu.
Na reunião de hoje estivem presentes, além dos pré-candidatos citados acima, os deputados federais Darci de Matos, Ricardo Guidi e Hélio Costa, a deputada estadual e vice-presidente do PSD-SC, Marlene Fengler, e o deputado estadual Júlio Garcia. O evento contou ainda com a presença de 28 prefeitos do partido.
Aos poucos, as lideranças políticas vão retomando os encontros presenciais e voltando à rotina, enquanto tentam emplacar a terceira via.
Fotos: Caio Marcelo