Daniela Reinehr faz um balanço de seu mandato como vice-governadora e projeta a Câmara Federal

28/08/2022

Eleita junto de Carlos Moisés na onda que fez história no Brasil em 2018, Daniela Reinehr está vendo o mandato de vice-governadora chegar ao fim. Após quatro anos, uma nova eleição se aproxima só que, dessa vez, a atual vice não vai concorrer para o mesmo cargo. Mas isso não significa que ela não queira permanecer na política. Reinehr é candidata a deputada federal, novamente estando no mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL. Quem acompanha a política catarinense talvez lembre que o convívio entre o governador e a vice desandou logo nos primeiros meses de governo. Ambos, à época, com pouca ou nenhuma experiência para as funções para as quais foram eleitos, precisaram aprender a trocar o pneu com o carro andando. Ao seu modo, Daniela tenta se distanciar de Moisés, buscando manter a imagem de “bolsonarista raiz” e menciona em diversos momentos da nossa conversa, termos como “lealdade ao presidente”, “injustiça”, “minha trajetória política”. Com um certo exagero, Daniela Reinehr diz que Moisés a usou para conseguir se eleger, porém, é importante lembrar que tanto Moisés quanto a vice, foram eleitos com uma dose de sorte, empurrados pelo eleitor que votou “17 de cabo a rabo”. Historicamente, “ondas” políticas não são uma novidade. De tempos em tempos, o eleitor costuma perder um pouco a paciência e “arriscar” novas escolhas nas urnas. É por isso que o que chamamos de “onda” de 2018, não deve se repetir nos mesmos termos em 2022, embora possa haver ainda algum resquício.

Maga: está terminando o seu mandato como vice-governadora. Que balanço a Sra. faz desse período em que esteve nessa função?

Daniela: eu acredito que eu tive um intensivo na política como nenhum outro. Foi um período de muitas dificuldades, de muitos desafios. A gente vê a força e a resiliência que nós mulheres temos. Santa Catarina viu a forma injusta como me colocaram naquele primeiro impeachment, que não buscava nada além de tomar o poder no estado e pra isso precisavam tirar a vice e que não deu certo. Foi um momento que muitas pessoas me abandonaram, mas muitas também apareceram pra me ajudar. Eu acho que foi uma oportunidade gigantesca, de crescimento, de aperfeiçoamento, de entender de uma vez por todas como a política funciona, que normalmente é uma coisa gradativa. As pessoas vêm de vereança, prefeitos, deputados, e poucas chegaram ao governo do estado. E a Daniela chegou já chegou como vice. Depois, governadora interina, nunca tinha sido política antes, não tinha um padrinho político.

Afastamento do governador

Nosso afastamento ocorreu quando ele começou a ser onerar o produtor rural, aumentando a alíquota do ICMS dos defensivos agrícolas. Tentei argumentar que aquilo era inviável, que quebraria a nossa agricultura caminha a economia do Estado.

Governadora interina l

Eu assumi em duas oportunidades. Na primeira interinidade, o estado estava absolutamente fechado, não havia comunicação. A primeira coisa que eu fiz foi abrir um canal de comunicação, com a imprensa, com os poderes, busquei fazer essas conexões com a sociedade. E isso funcionou. Consegui trazer a credibilidade do estado de volta, num momento com a maior crise de saúde da nossa história, administrativa, institucional.

Eu penso como advogada. Quando alguém contrata para fazer o serviço ele diz exatamente o que quer que eu faça naquele contrato. E quando a gente propôs algo para Santa Catarina foi isso que o estado elegeu, então é um contrato. Nós fomos contratados para fazer aquilo que o Catarinense queria. Eu sei que vou me manter leal a isso. Não estou aqui para bater palminha.

Governadora interina l

Na segunda interinidade foi um pouco diferente. Eu consegui fluir melhor, consegui entregar o plano de logística nacional. Uma coisa que eu gosto de lembrar que foi muito importante que foi o terminal de gás da Baía da Babitonga que estava engavetado porque não viram o valor daquele projeto. É um projeto excepcional que vai mudar na crise energética do nosso Estado, econômica também. A matriz energética do Estado vai agregar demais porque vai levar gás a um preço muito menor até o consumidor final. Até as nossas, as indústrias, enfim, esse é um projeto bacana que eu consegui fazer andar já na primeira interinidade.

Na segunda interinidade eu consegui mudar a logística da saúde para que a gente não perdesse mais uma dose de vacina, para que todas as unidades de saúde tivessem todos os medicamentos tivesse vacina para o cidadão que quiser se vacinar, tivesse vacina disponível. A função do Estado é fazer chegar lá e aí, quem quisesse se vacinar ia lá e se vacinaria. Mas eu acredito que o principal de tudo foi que eu conseguir mostrar o meu caráter para Santa Catarina, mostrar o meu jeito de trabalhar, foi a grande oportunidade de mostrar um pouquinho de mim pro estado. Poderia ter feito muito mais coisas, coisas diferentes. Mas o entendimento da Assembleia Legislativa foi que o governador deveria voltar.

Quem conectou com o Governo Federal fui eu

Quem conectou com o governo federal fui eu, muitas coisas eu fui buscar, muitos projetos eu trouxe para Santa Catarina através do governo federal. Eu tenho certeza que eu fui uma vice diferente dos demais. Talvez se eu tivesse tido um belo cargo, um belo salário eu não teria conseguido me sobressair pela minha garra e vontade de correr atrás.

Agradecer

De tudo isso eu só posso agradecer porque foi justamente essas dificuldades que me fizeram buscar soluções alternativas, abrir novos caminhos, conectar com o governo federal, trazer bons projetos de lá como as escolas cívico-militares, por exemplo. A partir da segunda interinidade, é que as coisas começaram a mandar no governo.

Maga: a Sra. se sentiu usada pelas forças políticas quando esteve governadora interina?

Daniela: eu percebo que fui usada pelo Moisés na campanha para ajudar a elegê-lo. Uma mulher do Oeste que andava de trator, que pilotava trator, que era mãe especial, que estava nos movimentos de direita. Mas em algum outro momento eu não me senti usada. O que eu percebia é que vinha muita gente querendo colar mim para aparecer, ou ser o “pai” ou ser o “padrinho”, e eu nunca aceitei e jamais aceitaria. Eu tenho consciência que nós viemos para a política, através do presidente Bolsonaro, eu cheguei aqui junto com o presidente Bolsonaro mas eu preciso construir a minha história política, minha personalidade política, com respeito, com dignidade.

Maga: a sra. disse que a sua história a Sra. quer construir. Que história pretende construir na política?

Daniela:  como a primeira mulher a governar o Estado, a primeira mulher vice-governadora, o meu nome já está na história. E eu quero deixar uma história muito bonita! Que as mulheres, os filhos, os meus netos tenham muito orgulho dessa história. De uma pessoa íntegra que não se deixou corromper por todo esse sistema que a gente cansa de ver.

Forças do Estado contra para que desse errado

Quando eu assumi o governo, todas as forças do Estado foram contra para que desse errado, para que o estado parasse. Quando eu olho pra trás eu penso “como consegui passar por aquilo, né”?! Como é que a gente conseguiu fazer isso com uma máquina gigante para cima da gente!?”

Maga: a Sra. credita a que isso que aconteceu, de todo mundo ficar torcendo contra?

Daniela: as forças políticas contra, né. Foram as forças políticas que estavam contra porque Santa Catarina e as pessoas de bem estavam vibrando. Eu acredito que isso aconteceu porque eu sempre conversei com as pessoas, com as entidades dos setores com essa Santa Catarina que já dá certo. É o setor produtivo, é o agronegócio, estão as nossas indústrias.

Maga: o que a Daniela de hoje diria pra Daniela que assumiu em 2019?

Daniela: acho que eu diria para aquela Daniela: “como você amadureceu, como você foi forte, como conseguiu superar coisas que pareciam insuperáveis. Eu digo que especialmente durante o primeiro impeachment eu entrei no modo “pedra”. Eu fiquei uma fortaleza e fui pra frente. Eu acredito que foi a maior injustiça que se cometeu na política do estado. Eu sofri e ainda sofro perseguições de toda ordem, assédio moral, tudo que tu imaginares. Eu acredito que eu deixei uma bela história. Isso responde também a minha decisão de continuar na política.

Maga: agora o governador vai se licenciar e o presidente da Alesc assume o governo. A Sra. poderia assumir, mas, se fizesse isso, ficaria inelegível para as eleições deste ano. A Sra. trocaria a candidatura para poder ser governadora novamente?

Daniela: não houve nenhuma conversa comigo a esse respeito. Eu sigo candidata a deputada federal, tenho sido muito bem recebida em todos os lugares que eu vou. Isso é uma grande alegria. E eu estou muito animada, muito contente com essa candidatura a deputada federal. Tenho certeza que os caminhos que eu consegui abrir em Brasília, que as dificuldades que eu consegui superar e abrir novos caminhos para ajudar Santa Catarina vão me ajudar muito num futuro mandato de deputada federal.

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