Saúde, educação, investimentos e algumas promessas de campanha. Esses foram os assuntos que nortearam o 7º debate entre os candidatos ao governo do estado, na manhã desta terça-feira (30). O encontro foi promovido por veículos de comunicação de Criciúma (Rádio Eldorado, Canal 20, Portal Engeplus e Rádio Araranguá) e teve como palco o auditório Rui Hülse, na Universidade do Extremo Sul Catarinense, a Unesc.
O formato escolhido contou com a participação de três candidatos a cada pergunta. Candidato A fazia a pergunta, candidato B, respondia e candidato C comentava a resposta de B.
Antes de iniciar o debate propriamente dito, a reitora da universidade entregou aos candidatos as demandas das universidades comunitárias. Confira aqui: https://noticias.unesc.net/geral/2022/08/30/candidatos-a-governador-recebem-demandas-das-universidades-comunitarias/
Carlos Moisés da Silva (Republicanos)
Carlos Moisés disse já em sua saudação inicial que se sentia à vontade de estar na universidade pois foi o governador que quintuplicou os investimentos em bolsas de estudos para o ensino superior (Uniedu). Citou, ainda, outras obras de seu governo como o desassoreamento da Barra do Camacho, além de investimentos na Serra da Rocinha e em rodovias federais. Ao ser questionado sobre o repasse do Pix, que estariam sendo represados, Moisés disse que é preciso ter responsabilidade com o dinheiro público, portanto, a cada prestação de contas de cada etapa das obras, uma parte do dinheiro é entregue aos municípios.
Jorginho Mello (PL)
Jorginho Mello lembrou que foi o autor da Lei que criou as universidades comunitárias. Depois, discorreu sobre sua trajetória, sem esquecer do Pronampe (programa de apoio às micro e pequenas empresas). Já em sua primeira fala, Jorginho Mello disse que em seu governo “50% dos cargos comissionados serão ocupados por mulheres porque nós queremos fazer com que homens e mulheres caminhem juntos em Santa Catarina”, disse. Essa manifestação do candidato do PL não foi recebida com bons olhos entre seus apoiadores. Os bolsonaristas não gostam muito da ideia de separar as pessoas por gênero e, com isso, a declaração de Jorginho não caiu bem.
Recebidos à bala
Por outro lado, Mello fez questão de mencionar o MST. “No nosso governo MST não tem vez. Quem invadir terra alheia vai levar bala”, num nítido aceno ao bolsonarismo.
Décio Lima (PT)
O candidato da Frente de Esquerda (PT, PSB, PCdoB, PV e Solidariedade) ao governo de Santa Catarina, Décio Lima, classificou a atuação do governo de Jair Bolsonaro durante a pandemia como “inadmissível” e que pode ter causado mortes no estado. “O mundo todo olha o Brasil como um pária pela gestão da pandemia. É inadmissível o que aconteceu. O presidente da República zombou das vidas que foram perdidas no Brasil.
Gean Loureiro
O candidato da chapa “Bóra Trabalhar”, Gean Loureiro afirmou que a sua prioridade de governo é a saúde, ao abordar o tema durante o debate. “Vamos iniciar diminuindo as filas da saúde para cirurgias eletivas. Hoje nós temos mais de 100 mil pessoas aguardando para fazer cirurgias eletivas, e não existe uma verticalização no atendimento. A pessoa vai para uma cidade diferente a cada etapa do processo de cirurgia, desde a consulta anterior até a pós-cirúrgica. Gean também ressaltou a importância de o governo apoiar os hospitais filantrópicos. “Hoje os mais de 150 hospitais filantrópicos no Estado conseguem manter a estrutura hospitalar catarinense, e não são os hospitais regionais. Inclusive, Criciúma é a única região do Estado que não possui hospital regional público. Há necessidade de ampliar, através do Governo do Estado, apoio financeiro, estrutural e parcerias com o Governo”.
Bate-boca
Em determinado momento do debate, Gean e Amin protagonizaram um pequeno bate-boca sobre um assunto que ainda altera os ânimos: as vacinas contra a Covid. “O senhor esteve numa comitiva de prefeitos, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2020, para solucionar o problema da vacina. Não sou eu o mentiroso aqui”, disparou Amin. Gean, visivelmente incomodado, rebateu dizendo que “quem foi ao Butantã foi a Fecam (prefeito Clenilton Pereira) do PSDB, do partido do seu vice, Dalírio Beber. Eu presidi o consórcio nacional de saúde que tinha compliance, apoiou o governo federal na compra de vacinas”.
“Você não é digno de estar aqui”
Mas esse não foi o único momento em que a tensão aumentou. O candidato do Republicanos, Carlos Moisés subiu o tom contra o adversário do Pros, Ralf Zimmer que disse que “Moisés não era homem”. O governador retrucou: “ser homem é quem trata bem as mulheres. Não só condenado, como condenado em 2º grau (em referência ao oponente). Pessoal da NSC tá me agradecendo porque aumentou os acessos ao site (sobre a matéria que circula a respeito do que mencionou Moisés). Você não tem dignidade pra estar aqui, Ralf”, concluiu.
Procurem aí no google
Ainda durante o debate, Moisés chegou a sugerir às pessoas que acompanhavam a transmissão que procurassem no google o nome de Ralf Zimmer junto dos termos “violência doméstica”. É que o defensor público e candidato a governador responde a um processo, admitido por ele durante o debate, de violência doméstica. Segundo ele, o processo tramita há sete anos.
Jorge Boeira
Educação. Essa é a principal bandeira do candidato do PDT, Jorge Boeira. Em todas as vezes em que foi chamado ao púlpito, Boeira citou o assunto e relembrou o público sobre seu trabalho pela educação. Boeira destacou ainda que ao concluir seu último mandato, abriu mão da aposentadoria a que tinha direito, e justificou não ser o que chama de “político de carreira”.
Odair Tramontim
Odair Tramontin, do partido Novo, disse que se hospedou em hotel com diária de R$ 96 reais e que veio à Criciúma dirigindo o próprio carro. Odair é estreante no papel de candidato e mantém um discurso alinhado ao que seu partido prega. Todavia, dois aspectos dificultam a chegada de seu discurso ao público que precisa alcançar para conseguir votos. É que o modo como se comunica não ultrapassa a bolha dos “convertidos”, ou seja, dos que já são seus eleitores. Falta ao discurso do candidato conseguir furar a bolha e falar a língua da rua, das pessoas. Ao enfatizar que não faz uso do fundo eleitoral, Odair Tramontim teve de ouvir de Décio Lima (PT) que “como promotor, o candidato do Novo ganhou R$ 900 mil reais em nove meses”.
Esperidião Amin
Espiridião Amin (Progressistas) falou sobre as obras que executou quando foi governador, fazendo uso de sua boa desenvoltura em debates. Mas o que chamou atenção no de hoje, além do embate com Gean Loureiro, foi a pequena discussão com o também senador, Jorginho Mello. Durante quase 1 minuto, ambos trocam palavras mais acaloradas e só pararam quando os candidatos que já estavam no púlpito reclamaram do barulho dos colegas.
O debate completo pode ser revisto aqui:
Todas as fotos usadas neste texto são de autoria do jornalista Marciano Bortolin/Agecom Unesc.